A direção da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) divulgou no dia hoje, para todos os sindicatos a ela
filiados, nota assinada pelo seu presidente e pelo secretário geral da
entidade, na qual criticam a CSP-Conlutas e a marcha a Brasília no dia 24 de
abril que estamos organizando juntamente com outras organizações. Afirma a nota
que a nossa marcha teria como objetivo atacar a CUT e que concorreria para
enfraquecer mobilizações em curso, chegando a afirmar que ao defender a
anulação da reforma da previdência de 2003, a marcha estaria a serviço de
interesses partidários e não dos trabalhadores.
Não podemos falar por todas as
entidades que estão organizando a marcha, muitas delas, inclusive, filiadas à
CUT. Mas não podemos deixar de externar uma opinião da CSP-Conlutas acerca
desta nota. Uma opinião breve, pois ao contrário do que diz a nota dos
companheiros, não estamos envolvidos em uma disputa com a CUT. O que estamos
fazendo, e é isto que queremos continuar a fazer, é buscando unir todos os
setores da nossa classe que queiram lutar em defesa de suas reivindicações
para, justamente, fortalecer esta luta. Uma simples leitura do manifesto de
convocação da marcha e da plataforma política unitária da mesma não vai deixar
lugar a dúvidas (www.cspconlutas.org.br).
A luta pela anulação da reforma
da previdência de 2003 – que foi aprovada na base da compra de votos de
deputados e senadores no Congresso Nacional – não tem, em nossa opinião,
objetivo “meramente político-partidário”. Trata-se da defesa dos direitos dos
cerca de 8 milhões de servidores públicos brasileiros que foram surrupiados com
esta reforma. Servidores, aliás, cuja ampla maioria é representada por
sindicatos filiados à CUT.
Talvez o interesse
político-partidário esteja justamente no oposto: não defender os interesses
desses milhões de servidores para defender dirigentes partidários envolvidos em
denúncia de corrupção. Vamos sim defender a anulação da reforma da previdência,
nas ruas em Brasília dia 24, nos locais de trabalho e, sim, também no STF, já
que foi este tribunal que estabeleceu a relação entre a aprovação da reforma em
2003 e a compra de votos de parlamentares. Iremos a todos os lugares que for
preciso para defender os interesses da nossa classe.
Da mesma forma como temos uma
opinião diferente da direção da CUT quando esta faz acordo com o governo para
trocar o Fator Previdenciário pela Fórmula 85/95. Sabemos todos que esta
fórmula mantém perdas importantes para os trabalhadores, se comparada com a
legislação anterior. Aprendemos em
nossa história, aliás, comum a muitos lutadores da CUT, que não lutamos para
“perder menos”. Lutamos para não perder. E seria muito positivo se tivéssemos
toda a CUT lutando conosco contra estes ataques à aposentadoria dos
trabalhadores (Fator Previdenciário, Fórmula 85/95, Fórmula 95/105, etc.).
Também pensamos diferente dos
dirigentes da CUT que fazem a defesa do anteprojeto de lei que cria o ACE, pois
em nossa opinião este anteprojeto, se aprovado, levaria a mais flexibilização
dos direitos dos trabalhadores. E acreditamos que uma central que representa
trabalhadores não pode se calar ante o crime que este governo pratica contra a
reforma agrária no Brasil. Ocorre que a direção da CUT está colocando a defesa
que faz do governo e, consequentemente, da sua política econômica, acima da
defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores.
No entanto, mesmo com todas estas
diferenças com a direção da CUT respeitamos o esforço dos companheiros com a
marcha do dia 6 de março, e em momento nenhum trabalhamos para desconstruí-la.
Infelizmente não é essa a compreensão dos dirigentes de uma das maiores
centrais sindicais do país. Ao invés de criticar o governo pelas políticas
econômicas que tem praticado e pelos prejuízos que esta política tem trazido
aos trabalhadores, criticam a mobilização dos trabalhadores que busca enfrentar
esta política.
Por último, não podemos deixar de
fazer duas afirmações antes de terminar esta resposta: a primeira é que a
construção da marcha está firme e forte. E este processo vai se fortalecer
ainda mais, com a participação de mais e mais entidades e movimentos. Teremos
em Brasília dezenas de milhares de trabalhadores protestando e defendendo suas
reivindicações no dia 24 de abril.
A segunda é que seguimos firmes
na defesa da unidade de todos na luta. Frente à nota da direção da CUT
reafirmamos que queremos todos juntos na luta dia 24 de abril nas ruas de
Brasília. Para além dos setores da CUT que já estão participando da construção
da marcha, seria muito bom se toda a central, inclusive a sua direção, também o
fizesse. Estaríamos mais fortes ainda para defender os interesses dos
trabalhadores brasileiros. E serão todos muito bem vindos.
EM DEFESA DOS DIREITOS DOS
TRABALHADORES!
CONTRA A POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO
FEDERAL!
TODOS A BRASÍLIA DIA 24 DE ABRIL!
São Paulo, março de 2013. Secretaria Executiva Nacional da
CSP-CONLUTAS
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