segunda-feira, 27 de maio de 2013

Estado abandona complexo farmacêutico de Alagoas

Por Josiane Calado - Sindjus/AL
Fonte: http://www.sindjus-al.org.br


O Laboratório Industrial Farmacêutico de Alagoas (Lifal) está abandonado pelo Governo do Estado. Equipamentos e maquinários, que custaram milhões aos cofres públicos, estão parados desde agosto do ano passado.

Atualmente são cerca de 70 funcionários e 16 aposentados, no regime celetista, que estão em greve desde o dia 17 de maio, reivindicando direitos sociais e pagamento de salários atrasados. Eles estão sem receber a gratificação da cesta-básica há dez meses e vale transporte. Temem pelo futuro do Lifal.

Todos os dias, a partir das 7 horas, os trabalhadores se concentram em frente ao Laboratório, localizado no Conjunto Salvador Lira, em Maceió/AL, para os piquetes da greve. A maioria já possui mais de 20 anos de serviços prestados a empresa e estão perto da aposentadoria. No entanto, mais de dez deles, que completaram o tempo de contribuição previdenciária, continuam trabalhando porque o Lifal ‘não tem recursos’ para indenizá-los, ou seja, pagar seus direitos trabalhistas, como FGTS e INSS. “A direção diz que não tem como pagar a multa indenizatória”.

O dirigente do Sindipetro/AL Adauri Amaro (Dário) destaca a falta transparência. “Sabemos que foram liberados 500 mil reais em abril de aporte de capital, mas não sabemos como foram aplicados esses recursos. No orçamento do Estado, está previsto R$ 6 milhões, mas nada é feito pelo Lifal”, denuncia.

“É triste olhar o Lifal nessas condições com os matos crescendo, infiltrações nas paredes. Medicamentos fora da validade que viraram lixos e precisam ser incinerados. O laboratório apenas está funcionando como depósito de remédio que o Estado adquire de outros laboratórios, quando deveria estar produzindo”, revela, acrescentando que há muitos medicamentos vencidos armazenados irregularmente para serem incinerados.

Um dos problemas é a falta de gerenciamento por pessoas habilitadas. “Dificilmente, um diretor passa um ano à frente do órgão. Muitos assumem sem ter conhecimento do ramo, o que emperra o desenvolvimento do laboratório”, diz Dario. Segundo ele, o atual presidente do Lifal comparece ao órgão uma vez por semana e não conversa com os funcionários.

“Alagoas é o pior estado em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Possui um terço da população vivendo abaixo da linha da pobreza. "Deixar o laboratório nessas condições é um crime aos cidadãos que precisam desses medicamentos. O que falta é vontade política do Governo de Alagoas. Temos um prédio equipado", desabafa.

Produtos

O Lifal funciona em um complexo industrial com vários equipamentos e maquinários com valores que variam cada de 30 a 500 mil reais cada, entre eles, uma central de ar condicionado, máquinas de chiller, embristadeira, reatores de inox de até 3.200 litros, destilador, entre outros, que estão parados.

Desde 1990, que o laboratório estadual passa “por um processo de sucateamento, cuja finalidade é acelerar a privatização. No ano passado, funcionou um mês. Ele já atendeu os 102 municípios. “É importante ressaltar que o governo tem obrigação de garantir o funcionamento social do laboratório”, revela o dirigente.

Em época de produção em larga escala, abastecia as cidades com analgésico (Lifal Ácido Acetilsalicílico, Lifal dipirona), antianêmico, antibióticos (Lifal ampicilina, Lifal Eritromicina, Lifal Sulfametoxazol + Trimetoprima), antieméticos (Lifal Metoclopramida), anti-hipertensivos (Lifal Captopril, Lifal Propranolol), antiparasitários (Lifal Mebendazol, Lifal Metronidazol), anti-retrovirais (Lifal Nevirapina, Lifal Indinavir), broncodilatador (Lifal Salbutamol), diuréticos (Lifal Furosemida e Lifal Hidroclorotiazida).

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